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Salve, rapaziada. Faz algum tempo que ouvia falar dele, então resolvi fazer uma entrevista e hoje tive a honra de receber as respostas do nosso querido Marcinho! Antes de mais nada, sei que alguns dos nosso leitores devem conhecer a historia deste guerreiro, mas, como sempre, temos aqueles que ouviram falar, mas não sabem a historia completa. Pois bem, aqui vai uma historia e tanto para vocês!


 

TL: Oi, Marcinho! Para começar, onde você mora e quantos anos tem?

Marcinho: Eu moro no Rio de Janeiro, em Campo Grande. Tenho 48 anos. Inclusive, há pouco tempo fizemos uma festa de aniversário em Descubra.

 

TL: O que você fazia antes do incidente e há quanto tempo isso aconteceu?

Marcinho: Eu trabalhava com obras, fazia reformas com projetos em Autocad. Pode-se dizer que era a minha empresa, a minha empreiteira. Meu amigo Beto e eu entregávamos obras do chão batido até as chaves do imóvel. Fazíamos a parte elétrica, a hidráulica, pintura e a estrutura toda. Sobre o incidente, fui baleado em 2013, na saída do meu trabalho, indo para casa. Estava de carro e foi no semáforo.

TL: Conte um pouco como foi o incidente e o que aconteceu depois. Você chegou a ficar em coma? Por quanto tempo?

Marcinho: Eu estava voltando para casa do trabalho e parei o meu carro no semáforo, até que um cara bateu no meu vidro, mas não me viu direito, porque o vidro do carro era fumê, muito preto mesmo. Aí não sei se ele me confundiu com um policial ou algo assim, mas me lembro que ele já chegou muito eufórico, provavelmente estava drogado… No que ele me viu, deve ter pensando “Ou eu mato, ou eu morro.” Isso porque, como disse, ele achou que eu fosse um policial e deve ter ficado com medo, então disparou contra mim e acertou 5 tiros, tudo isso porque, na cabeça do bandido, eu demorei para abrir a porta do carro. Desses 5 tiros, um pegou na garganta, onde tenho a bala alojada até hoje; um no peito, próximo ao coração; um na coluna, que me deixou triplégico; e dois no braço, por isso só consigo mexer o braço direito. Sobre o coma, já fiquei induzido por 3 vezes, tive 3 paradas cardíacas. E engraçado que, em uma dessas vezes, até me declararam como “óbito confirmado”.

TL: Você tem um sonho ou um projeto?

Marcinho: Tenho, tenho um sonho… O meu sonho é voltar a dirigir, um dia. E o meu projeto é crescer na Twitch e atingir outras pessoas que também sejam deficientes e tentar ajudá-las, levando a palavra para as pessoas. Por exemplo: a pessoa está com algum problema emocional, estressado, mas abre a Twitch e se distrai ali vendo eu jogar e interagindo comigo na live. O objetivo disso é mostrar para as pessoas que todos temos momentos ruins, cada um sabe a cruz que carrega, mas que eu e o meu caso sirvam de exemplos para mostrar que, no meio de tanta dor e sofrimento, ainda podemos sorrir, brincar e jogar Tibia. Enfim, é possível ser feliz.

TL: O que pretende alcançar agora que conseguiu atingir uma boa audiência?

Marcinho: Bom, na verdade, eu preciso manter a audiência e conseguir até mais, porque uma das coisas que eu quero é ser Parceiro da Twitch (hoje sou Afiliado) e para isso preciso ter 75 pessoas assistindo simultaneamente, o que consigo só às vezes. Então eu pretendo conquistar um público fiel e usar a Twitch como forma de trabalho e ter o meu trabalho, já que sou inválido e não me restam muitas opções para me sustentar. Então, conquistando esse público fiel e tendo o meu salário, poderei parar de pedir doações e poderei doar para outras pessoas. Tenho certeza de que vou poder ajudar outra pessoa assim como fizeram comigo, e isso será muito gratificante. Então o objetivo é esse: criar a base, alcançar mais pessoas, criar uma audiência segura (75), ter meu próprio dinheiro e ajudar as pessoas, espalhando o bem e a bondade. Meu lema é: pessoas ajudam pessoas. Certa vez, vi um programa onde havia um pensamento que dizia assim: “Muitos ajudaram pouco; o pouco ajudou muitos.”

TL: Marcinho, você imaginou que a sua história teria uma repercussão tão grande na comunidade tibiana?

Marcinho: Primeiro de tudo: não, não imaginei nada, porque foi através do meu amigo Pires, que conheci no grupo do Facebook Tibia Trade, que confiou na minha história e foi aos poucos espalhando-a. No grupo, eu só havia comentado que cheguei ao level 100 com um braço só, sem ter uma câmera ou algo que comprasse a minha história, mas o Pires confiou em mim, confiou só nas minhas palavras e divulgou a minha história no grupo, colocando o nome dele em risco, pois eu poderia ser fake e ele não teria como provar que eu não era. Ele apenas confiou na minha história que havia contado no por mensagens privadas do Facebook e por isso sou muito grato a ele. Desde então, através da palavra dele, eu conquistei isso tudo, conheci novas pessoas e criei essas conexões, fazendo com que a mensagem da minha história chegasse ao Nattank, ao Rubini, MP3, Cyf, Bugado, Yoda, Gaulês e vários outros influencers de vários jogos, não só de Tibia. Várias pessoas ajudaram, mas toda essa conexão começou com o Pires. Ele fala que ele é mero mensageiro e que eu sou a mensagem e que o mensageiro não é importante, mas eu discordo dele, porque a mensagem não chega se não tiver um mensageiro eficaz que tenha a sensibilidade para entender a mensagem que está passando. Caso contrário, vira apenas uma carta na gaveta. Então não, não imaginava nada, mas, graças ao Pires, a minha mensagem repercutiu não apenas na comunidade tibiana, mas em vários jogos.

TL: Como você conheceu o Tibia?

Marcinho: Eu comecei a jogar Tibia em 2002, através do meu amigo Virgílio. Inclusive, há pouco tempo, encontrei com ele, e tivemos um bom papo. Ele me lembrou que jogávamos em Trimera, onde ele era knight e eu druid, mas essa conta eu perdi. Depois me casei, separei, voltei a jogar, casei de novo, separei de novo, casei uma terceira vez e separei uma terceira vez! Já posso até pedir música no Fantástico. Até que finalmente, em 2019, voltei a jogar Tibia, em uma conta nova. Muita coisa no jogo mudou, o depot era uma bagunça generalizada, havia muita poluição visual de pessoas vendendo coisas, filas para falar com os NPCs… Hoje em dia mudou muito, não parece nem o mesmo jogo de 2002.

TL: Quem foi a primeira pessoa que quis te ajudar a se comunicar com os tibianos e possivelmente conseguir ajuda?

Marcinho: Pires, Felipe Pires. Ele foi a primeira pessoa que quis me ajudar. Contei para ele a minha história e ele confiou em mim e contou a história no grupo Tibia Trade. Fez um trabalho incansável, criou o apoia.se para mim, várias e várias madrugadas criando posts para tentar convencer as pessoas de que eu era real e que a minha história tinha que ser conhecida. No começo, era apenas para ser uma ajuda para comprar um mouse gamer, e, para isso, ele fez uma vakinha, da qual batemos a meta em algumas horas. Com isso, tivemos a ideia do apoia.se, que eu uso para a compra dos meus remédios mensais, que custam mais de R$ 2.000. Por isso, sou muito grato a ele.

TL: Quem tem te auxiliado com as compras dos equipamentos necessários para uma melhor jogabilidade e conforto?

Marcinho: Bom, de novo o Felipe Pires. O dinheiro vem de todos os lugares do mundo, através de doações na Twitch, inscrições na Twitch, bits, cherry e no apoia.se. A ajuda na compra e na escolha dos produtos é do Pires. Foi ele que me falou que existia mouse de 16 ou 18 botões (antes eu usava um bem simples de R$ 20), equipamentos como headset, monitores, webcam, teclado mecânico e etc. Também foi o Pires que entrou em contato com uma pessoa da AMD, o Guilherme, que me deu um PC zerado e superpotente que me permite jogar jogos que exigem placa de vídeo, como GTA V e World War Z, que também jogo só com uma mão.

TL: Como surgiu a ideia de fazer a live?

Marcinho: Felipe Pires. Ele me falou “Marcinho, por que você não faz uma live na Twitch?” Eu mal sabia o que era, mas ele me mostrou o Nattank e eu fiquei admirado! Comecei a acompanhá-lo e também vi uma entrevista dele com o Rubini, no canal do Cateroide no Youtube e aos poucos fui seguindo esses influencers tibianos que o Pires me mostrou. Então eu perguntei para ele: “Pires, quem que vai querer ver um aleijado na cama jogando, ainda mas um level 100? Está cheio de cara aí level 500, 700 ou 1000 já fazendo live.” E ele me respondeu que isso não importava, que fazendo a live eu teria comunicação, conheceria pessoas novas, interagiria em tempo real. Eu teria mais pessoas para conversar e isso mudaria a minha rotina, enfim, eu faria amizades. Mais uma vez, quem me inseriu nesse mundo foi o Felipe Pires, ele me mostrou que eu sou igual a qualquer pessoa.

TL: Como a sua família reagiu ao ver a sua vida mudando por conta de um jogo online?

Marcinho: Bom, eu moro sozinho, mas a minha irmã me ajuda muito. A minha família é evangélica, muito tradicional e não entendem, nem conhecem muito o lado do mundo virtual. A minha irmã não entende como que um jogo, ainda mais um jogo assim como um gráfico meio pré-histórico (hehehe) pode gerar dinheiro para pagar tanta coisa. Ela ficava incrédula, questionando: “Como assim esse jogo vai te dar um mouse?” “Como assim através do jogo você vai comprar uma cama?” “Como assim vai pagar a operação (da retirada da bala da garganta)?” “Como assim?” Ela não entendia e, na verdade, até hoje ela não entende, mas eu tento explicar aos poucos. Hoje estamos repletos de alegria, porque eu nunca teria, em condições normais, dinheiro para comprar uma cama elétrica num valor desses, tampouco pagar a operação, mas, hoje, graças aos valores que recebo das inscrições da Twitch e das propagandas e doações, a minha vida e a da minha família mudou da água para o vinho. Deus colocou as pessoas certas na minha vida.

TL: Você já sofreu algum preconceito dentro do jogo pela sua limitação?

Marcinho: No jogo não, o meu char no Tibia é igual aos outros, mas, quando você se expõe na mídia, você vê muita humilhação, você ouve muitas coisas que você não imagina ouvir… Eventualmente alguém vem me atacar, falando que uso do assalto para pedir esmola, ou que eu sou fake, ou que eu sou um fake do Pires, ou que “pedindo esmola, até eu”, mas isso são ônus da… não queria dizer “fama”, mas são ônus de uma vida pública, já que decidi me expor ao público através das lives. O bom é que isso é a minoria, pois a maior parte do pessoal e das mensagens é de ajuda. Eu encaro as outras mensagens como um desafio. Não que eu tenha que provar algo, na verdade, não tenho que provar nada, até porque é o tempo que mostra quem nós somos. Bom, é isso, no jogo não sofro nada, mas, na vida real e nas redes sociais, os haters pegam pesado às vezes.

TL: Qual é a sua maior dificuldade dentro do jogo?

Marcinho: Acompanhar o ritmo. Quando jogo em party, é difícil acompanhar a velocidade de movimentos de quem tem os dois braços para correr, atacar e etc. Eu fico nervoso e penso estar atrapalhando. Mas entendo que esse é o meu limite. Por isso, prefiro caçar sozinho, no meu tempo, fazendo como eu quero. Mesmo assim (jogando lento), é muito gostoso jogar Tibia. Eu amo jogar Tibia, é uma coisa que me dá prazer.

TL: Conhece alguém que também passe por problemas de saúde e encontrou ajuda dentro do jogo?

Marcinho: Tem um rapaz, que não recordo o nome, mas ele joga Tibia também e usa umas fitas adesivas nos dedos para apertar as hotkeys, só não lembro se ele é tetraplégico ou paraplégico, mas acho que é para, pois ele tem mais movimentos do que eu (aqui o TibiaLife dá uma ajudinha, Marcinho, esse é o Lenon). Também tem a menina Ju Alguma Coisa… Borges, talvez? Sou péssimo com nomes, mas é outra tibiana que tem um tipo raro de diabetes, mas, salvo engano, o Nattank a ajudou. Enfim, são esses dois que eu sei quem são, mas não os conheço propriamente dito. Nós 3 somos a prova de que não existem limitações para jogar Tibia se existir força de vontade!

Agora vamos a um jogo de respostas rápidas, ok?

Uma cidade no jogo?
Venore
Um personagem?
Nattank Skeletin Fofin
Um item?
Item não, mas a minha montaria do Covid (aquela galinha)
Um outfit?
O Conjurer Outfit

TL: Por último, mas não menos importante, gostaria de deixar uma mensagem aos nossos leitores?

Marcinho: Sim! Bom, a mensagem acho que já ficou clara: o ser humano pode tirar do outro a liberdade de andar, pode tirar os bens materiais (como eu perdi meu carro, mulher, casa, perdi tudo), pode tirar a alegria de estar em grupos e poder sair, fazendo você ficar preso dentro de um quarto em uma cama… Quando isso acontece, a sua vida muda, e você precisa ser muito forte por dentro para não cometer alguma besteira contra o próprio presente de Deus. Então a mensagem que quero passar é: respirem! Toda vez que você respirar bem fundo, você vai achar que é uma coisa banal, algo que você faz automático e nem percebe que está fazendo, mas respirar é uma coisa que, para mim, dá muito prazer, é uma coisa que eu só tenho 30% da capacidade, mas que faz eu lembrar que estou vivo! Por muito tempo, eu vivia num vazio, não sentia mais gosto, não sentia mais cheiro, não via mais cores no meu mundo, sentia apenas dor e angústia em meu peito. Então, para você que é saudável, dê valor à sua vida, aproveite cada segundo da sua vida. Que você possa apreciar cada dia da sua vida, agradecendo a Deus por sua saúde, por sua família e pelos seus amigos. Eu perdi muita coisa, mas continuo vivo, eu sobrevivo todos os dias quando abro os olhos e, mesmo limitado, sem poder andar e fazer as coisas que você faz normalmente, mesmo com dor, procuro não reclamar da vida que tenho ou armazenar sentimentos de ódio ou desprezo. Você que às vezes levanta da cama, com toda a pressa do mundo, atrasado para os seus compromissos e reclamando da sua vida e do seu trabalho, ou você que acorda e está desempregado e acorda chateado, você é feliz e não sabe, você é livre e não sabe… Enfim, esse é o meu recado para vocês! Valorizem as suas vidas, apreciem cada gota de água que você toma ou partícula de ar que entra em seus pulmões! Viva! Curta a sua vida! Aproveite a dádiva que é a vida, sempre buscando ser feliz, ajudando o próximo, fazendo o bem e não fazendo com os outros aquilo que não queira que façam contigo. Obrigado, galera!

 

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Fonte: www.tibialife.com.br

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